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segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Paradigmas

A convivência dita nossos costumes, nossos limites, nossos paradigmas. A convivência pluralizada nos permite a quebra desses costumes, desses limites, desses paradigmas. Eu não acreditava nisso. Achava que não existia a tal quebra de paradigmas, até que comecei a quebrar alguns.

Desde que entrei na Aiesec, fui compelido a sair da fantasiosa geometria em que se encontrava minha vida. Tudo era muito idealizado, amorfo, estático. Meus conceitos eram pré-concebidos, sem uma base lógica que sustentasse as conclusões que deles derivavam, e que eu já tinha como resolutas. Pra mim, as características de uma pessoa eram conjuntos de comportamentos que só existiam em conjunto. Só pra ilustrar: uma pessoa inteligente só pode ser séria, então é contida, o que implica que não pode se socializar. Se essa pessoa supostamente inteligente socializar, eu já desconsiderava sua inteligência, ou a via com muito maus olhos.

Basicamente foi essa filosofia que regeu minha vida até então, e foi essa filosofia que me privou de tantas oportunidades que tive na vida. E eu nem me dava conta dela.

Felizmente, mesmo que inconscientemente, consegui desmontá-la, graças principalmente à viagem de dez dias que fiz a São Paulo, com a Aiesec Recife. Convivendo com esse pessoal, vi que eu precisava trair o aprendizado de vida que me guiava. Por exemplo, nunca tinha me imaginado dançando espontaneamente. Ainda mais num ambiente com mais de 400 pessoas de todo o Brasil, gente totalmente desconhecida pra mim. Mais estranho ainda é que dancei músicas que nunca tinha ouvido antes. Às 7:30 da manhã. Mas isto é que conjugaria mesmo o crime: eu gostei.

A lição que tive é que a personalidade de uma pessoa é composta por traços pontuais (não pense geometricamente) de diversas personalidades, com uma contribuição muito pequena de cada traço para o caráter dessa pessoa. Antigamente, eu vislumbrava apenas um ou dois traços e já projetava todas as suas características, o que me rendeu muitos desapontamentos e muito desânimo nas pessoas que conheço.

(É interessante que, enquanto escrevo, me passam na mente indagações que eu fazia quando tinha treze ou catoreze anos. E com a filosofia que construí com esses paradigmas que quebrei recentemente, descobri a solução para o principal questionamento meu da época: "por que perdi a fé nas pessoas?". Ora, eu não aceitava as características conflitantes que detectava na personalidade delas, então eu não entendia essas pessoas; sem entendê-las, é impossível acreditar nelas.)

2 comentários:

  1. O aprendizado que você teve só é possível quando nos expomos. Enquanto as nossas idéias e impressões estiverem somente em forma de teoria , elas só serão isso: idéias, suposições. E , como você mesmo disse, muitas vezes não correspondem à realidade. Fico feliz nessa sua descoberta e percebo que com você as coisas acontecem dentro do seu próprio tempo, que as vezes pode demorar muito. Ainda bem, que aparecem essas oportunidades apressando um pouco esse aprendizado. Ser feliz, é o que importa. Um beijo. Joseane

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  2. Muito legal essa sua superação! Me lembra uma frase de Pascal: "à medida em que vamos tendo mais espaço, achamos que há mais homens originais."
    E essa descoberta da originalidade de cada pessoa, de cada "obra final" composta de peculiaridade inusitadas, é um importante sinal de crescimento... e também possibilidade para um crescimento ainda maior!

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