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segunda-feira, 17 de agosto de 2009

Prisioneiros

"Que estranha cena descreves, e que estranhos prisioneiros. São iguais a nós"
Essa frase de Platão retrata bem a vida, ou os reféns da vida. Somos prisioneiros da liberdade dos outros. Apesar de toda aquela ladainha que estamos cansados de ver em livros de auto-ajuda, propagandas mal-intencionadas, Ana Maria Braga e afins, continua-se a impor o "normal" a nossa mente; e, apesar de isso ser tão discutido, continua-se a aceitar o "normal".

"Você é livre?" Acho que hoje, muita gente que fosse abordada de supetão com essa pergunta, no mínimo pararia para pensar. As amarras, as correntes, as mordaças que nos são impostas já vêm sendo percebidas na nossa consciência, com os tantos de alardes que nos têm sido feitos. Mas então por que se continua a aceitar essa privação do "think outside the box"?

O problema é que, pelo fato de essa questão ser tão abstrata, tão aparentemente banal, seu poder muitas vezes é menosprezado. E o que piora exponencialmente é que o nosso ser praticamente já nasce sob essas regras tácitas, servindo de ressonância para os estímulos consumistas que nos permeiam. Precisamos trocar de carro a cada dois anos, precisamos comprar o celular que acabou de ser lançado, precisamos instalar uma internet de 5mb/s, precisamos comprar a câmera mais leve, precisamos comprar roupas toda semana (abuse e use), precisamos comprar tv de plasma. Tudo isso já nos vêm à mente automaticamente no primeiro traço de defeito técnico do nosso produto, mesmo que muitas vezes essa percepção já seja uma predisposição nossa a encurtar ao máximo a vida útil de nossos utensílios.

Essa reflexãozinha me veio ao ler A caverna de Saramago. Aliás, recomendo que o leiam. Como toda obra dele, sempre há uma crítica ao consumismo e ao capitalismo desenfreado. Bem a minha cara.

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