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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Criar 5

Não há necessidade de explicar a detalhes o que causou essa mudança em seu olhar. Só sabe, agora, que a Observadora lhe parece uma pessoa maravilhosa, talvez efeito dos aplausos a ela dirigidos. Percebe uma feição peculiar em seu rosto, desenhado caprichosamente para ser notado, com mandíbulas delicadas, ainda que notoriamente eminentes; cílios curtos e negros, assim como seus cabelos. Sua tez é límpida, alva, expressiva; ao mesmo tempo, percebe-se que esconde algo que talvez ninguém tenha coragem de descobrir. Sobre os singelos lábios repousa um batom vibrante, também enigmático, contrastante com a aparente tranquilidade que sua tez transmite.

Sem delongas, o observador vai ao encontro da Observadora. Nenhum receio lhe toma conta; sua confiança é assustadoramente inabalável, ou assim demonstra.

Ao se aproximar, como se fosse sensível às variações eletromagnéticas causadas pelos sentimentos do observador, a Observadora desvenda-lhe o rosto, logo reconhecendo-o daquela sobrenatural conversa. Visivelmente animada com sua presença, impulsivamente, sem palavras a proferir, jogou-se aos braços do observador, que, sem demonstrar surpresa, acolheu-a como se fora um velho amante.

Ainda sem haver proferido uma palavra, ainda sem sequer ter feito qualquer tipo de comunicação verbal, o casal dirigia-se a algum lugar tacitamente acordado.

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