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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Criar 6

O professor parecia decidido a fazer alguma coisa inusual; são não sabia o quê exatamente. Em seu carro, a velocidades nunca antes desafiadas, o professor não prestava atenção na paisagem exterior, mas se desdobrava a decifrar sua própria paisagem. Percebera, finalmente, que sua extrema sensibilidade aos outros anulava-o de alguma forma. Pareceu-lhe uma daquelas descobertas que conectam fatos antes isolados, sem conexão aparente. Agora sabia por que sua vida não era tão rica como a das pessoas que observava; agora sabia a causa de sua eterna tristeza. Enfim, o professor descobrira o amor.

Não aquele amor idealizado e demasiadamente mal-interpretado que vemos nas artes antiquadas; o professor descobrira o amor mais sincero e puro que pode haver; aquele que só existe para quem abre os olhos para si.

O amor é um espelho quebrado; só é pleno e perene quando remendamos suas rachaduras e podemos nos ver limpidamente em sua superfície. O amor independe de outra pessoa.

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