Voltemos ao Observador e à Observadora. Estavam juntos.
- Por que seu interesse no Professor?
- Não sei. Ele me parece ser alguém diferente. Isso me chama atenção.
- Você sabe que, sendo uma observadora, não me contento com essa resposta.
- Sei. No fundo, dou-lhe a atenção que o mundo deveria lhe dar. No fundo, sinto que somos iguais. Uma reflexão mais profunda sobre o ser sempre redunda nisto: igualdade. Sou igual a você, que é igual ao Professor. Desejos, carinhos, ódio, remorso, frustrações, saudade, emoção, pavor, medo, dor, alegria, amor, traição, tentação. Essa é uma metonímia do conteúdo pelo continente. Todos nós temos esse mesmo conteúdo.
- Se somos iguais, por que a atenção no Professor especificamente?
- Porque sinto que ele também chegou a esse nível de abstração sobre o indivíduo, ao qual já chegamos. Se não, está muito perto, e com certeza vai sentir-se isolado por não saber lidar com esse conhecimento. Só quero dar-lhe o acolhimento de que sempre necessitei. Quero ser-lhe alguém com quem poderá sempre contar; alguém que ouvirá as loucuras de uma mente renovada; alguém que se importe com ele, coisa que nunca tive. Quero ser-lhe o que tu me és; quero entendê-lo assim como tu me entendes.
- Queres ser-lhe o professor.
- Tu me entendes, e eu te amo. Parece-me justo.
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