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sábado, 21 de março de 2009

A análise

Volto a escrever antes do que previa. Ainda mais por estar em semana de prova na faculdade.

Deu-me vontade de expressar aqui uma característica minha que particularmente me fascina: a vontade de analisar. Adianto que não há segredos no método de analisar as coisas. É tudo sempre muito igual, no primeiro plano: confronto de idéias, de conceitos, de filosofias. A análise se edifica basicamente sobre os alicerces das experiências pessoais de cada indivíduo, que, muitas vezes, deslocam o equilíbrio do pensamento para o lado que mais convém ao observador. É precisamente o peso dessas experiências na análise que deturpa seus resultados.

Sempre me considerei de esquerda. Houve vezes, até, em que me considerei comunista convicto. Há umas semanas, porém, comprei um livro de Sardenberg, este convicto no modelo de gestão de direita. Sob o pretexto da necessidade de se conhecer bem os dois lados antes de escolher um caminho, comecei a ler algumas palavras da direita. Há passagens interessantes, como o fato de o Brasil não ser declaradamente capitalista de mercado, mas um eterno socialdemocrata, quando, na verdade, adotamos todas as políticas econômicas neoliberais. Ele também fala que o Brasil não vai pra frente exatamente porque nos falta o capitalismo. O que me causa estranheza é que, para ele, não existe capitalismo de esquerda, mas só o neoliberal. Passemos adiante. Uma das ressalvas mais reiteradas do livro me foi marcante. Esse famigerado sistema neoliberal, que nos mergulhou nesta crise cujo crepúsculo cisma em se atrasar, é o mesmo que permitiu nesta última década acelerado crescimento em todo o mundo. Seja em termos de tecnologia (biocombustíveis, robótica, e mais recentemente uma provável cura do Parkinson), seja em termos de riqueza. Este termo, riqueza, merece uma projeção maior.

A riqueza a que me refiro não é a distribuição de renda. É sabido que, com a informatização da economia, o capitalismo de Adam Smith não transfere capital por osmose. Então, essa riqueza é simplesmente o enriquecimento de pessoas. Por exemplo, os mais ricos enriqueceram muito, assim como os mais pobres enriqueceram, mas bem menos. Assim, a desigualdade aumenta mas com um aumento da qualidade de vida da maioria. O que eu questiono é que, com uma maior fatia do PIB destinada a programas sociais em todo o mundo, o crescimento poderia ser bem mais equilibrado, com a maioria vivendo cada vez melhor por mais tempo.

Mas aí me vem a parte das experiências pessoais interferindo na análise. Esse sistema de crescimento acelerado... é sustentável até quando? Quero dizer, até quando poderemos intervir na natureza nesse ritmo para nos saciar a sede de capitais? Aí me fala mais alto a consciência ecológica. Há uns 10, 11 meses, eu menosprezava o papel da natureza no crescimento. Pra mim, tudo tinha que servir ao homem. Mas aí vi que simplesmente não dá para ser assim. Não podemos nos regozijar com os recursos naturais a nosso bel prazer. Temos um dever que, a meu ver, deve ser intrínseco ao ser humano: por termos a racionalidade, devemos usá-la para o bem geral. Por isso me alio à esquerda. Por isso, mesmo fazendo uso de alguns devices neoliberais, não me iludo com essa ideologia de direita. Agora me considero desenvolvimentista somente até o ponto em que os direitos da natureza são preservados, com o homem respeitando o ciclo natural das coisas. Passando desse ponto, me considero antidesenvolvimentista convicto. Acho que é isso que chamam de adepto do desenvolvimento sustentável.

Há tanta coisa para se falar desse tema mas agora não quero me prolongar mais. Não vou vomitar tudo o que eu penso em tão pouco tempo, aí faltaria assunto para conectar a próximos posts. Só queria ressaltar novamente que absolutamente tudo vem da observação. É importantíssimo aprimorar a capacidade de observação e de análise e não se deixar cegar por títulos. É fundamental aliar racionalidade com sensibilidade. Ainda estou nesse meio caminho, difícil de se trilhar. Mas depois disso, só pode sair coisa boa.

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