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sexta-feira, 20 de março de 2009

Sem faustos

Depois de algum tempo pensando, decidi, afinal, criar meu blog. Nos rincões do mundo cibernético, nas mais escuras esquinas desse tempestuoso ambiente, este blog surge. Quero deixar claro que não escrevo estas palavras para que outros leiam: o único motivo dessa minha nova empreitada é aliviar a mim mesmo desse claustro sócio-intelectual que não me tem permitido difundir minha visão sobre as coisas em geral.

Não periodicamente, devo postar por aqui. Se me ocorrer alguma reflexão que me passe pelo crivo do interessante, devo compartilhar no blog. Provavelmente alguns pensamentos sairão da diáfana barreira do bom senso e rondarão a obscuridade, a filosofia barata e axiomas totalmente inúteis. Mas enfim tenho a necessidade de passar adiante algumas coisas.

Como matéria de opertura, gostaria de divagar sobre algo que se tem perdido nas enérgicas mas mecânicas rotinas: a observação. Todos os dias, eu volto da UFPE no famigerado ônibus Rio Doce/CDU. São 22km de viagem, 1h 30min sob o branco sol do meio-dia. Enquanto a maioria se deleita, no seu reduzido espaço, com MP3 ou seja lá qual for o device eletrônico, eu me contento com a observação. Procuro me sentar na cadeira da janela, para maior conforto. Então começo a olhar para a paisagem que se move. Vejo o rosto de quantas pessoas puder. Sempre olhando nos olhos, não sei bem por quê. Talvez assim eu possa decifrar aquelas rugas, que podem ser de um baque momentâneo ou de algo que já vem de muitos invernos. O interessante é que todo o mundo tem suas rugas. São aqueles empecilhos que nos impedem de seguir adiante. Isso fica muito claro quando se toma um tempo a observar as pessoas.

Uma coisa que me tem acompanhado desde sempre nestas observações, é que eu não consigo olhar para a pessoa do meu lado. Não dá. Me reservo a escutá-la, a perceber-lhe alguns movimentos, ou, quando muito, a decifrar seu reflexo no vidro da janela. Mas não olho pro lado. Simplesmente me sinto mal. E o resultado disso: um tremendo torcicolo, todos os dias. Deixemo-lo de lado. Não gosto muito de fazer associações em planos tão diferentes, mas será que o fato de eu não olhar pro lado explica a dificuldade que tenho de me definir?, de olhar para mim mesmo e identificar minhas próprias rugas? Não sei mesmo.

Enfim, uma outra constatação que me preocupa é a baixíssima quantidade de sorrisos que me refletem resquícios de alegria. Muito poucos sorrisos. Isso é preocupante, há alguma coisa que não está certa. Não sei bem o que deve ser, mas lá vão meus cegos tiros. Rotina exaustiva, carga de trabalho exaustiva. Motivos óbvios, endossados pela poluição, pela poeira que teima em acompanhar a trajetória dos ônibus, pelo sol que nos irradia tanto ultravioleta que nos torra a paciência num clique. Ok, mas como melhorar isso? Essa pergunta projeta uma sombra enorme. Se eu for discorrer sobre isso, não vai dar certo. Deixe-se pro próximo post, quando eu estiver a fim.

Só pra concluir, queria resgatar o hábito da observação. Tudo vem com a observação. Isso é o princípio de tudo. Nunca deixemos de lado esse poder. Em outros posts, vou falar mais sobre o que tenho observado e mais algumas filosofias baratas.

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