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domingo, 29 de março de 2009

Uns contos

No mundo da música clássica, apesar do eruditismo que lhe é tão peculiar, há tantos casos curiosos e engraçados que nos fazem pensar: aqueles compositores tinham muitos problemas.

Vou começar com um dos maiores gênios. Mozart sempre foi um rapaz extravagante, extrovertido, até inescrupuloso. Chegou a faltar a uma apresentação porque havia conhecido uma bela moça na ante-sala do teatro, e por lá ficou, com ela, desfrutando dos prazeres carnais que o dinheiro pode trazer. Na adolescência, o jovem gênio se apaixonou por Aloyse Weber, uma talentosa cantora de família tradicional. Tiveram um breve caso que envolveu tanto o compositor que já pensava no casamento. Entretando, Aloyse não sentira a mesma coisa, e logo que pôde, dispensou-o. Então Mozart se desesperou. Sentiu-se um fracassado, um incapaz, um impotente, um nada! Mas, como dizem sabiamente os jogadores de futebol, tinha que levantar a cabeça e preparar novas investidas. E foi o que ele fez. Resultado: acabou se casando com Constanze Weber, irmã de Aloyse.

Outro caso pitoresco é o de Tchaikovsky, compositor de belas melodias. Sua história não toma muitas linhas. Simplesmente ele quase se suicidou porque teve que se casar com uma mulher para esconder da aristocracia sua opção sexual. Já Chopin, depois de tantas desilusões com as mulheres, terminou por se casar com Aurore Dupine, mais conhecida como George Sand, notável senhora que se vestia como homem.

Temos também o caso de Schumann, compositor e pianista da Alemanha. Para começar, ele só tinha nove dedos nas mãos. O polegar direito era defeituoso e teve que ser parcialmente amputado. Isso, para um pianista, é como perder 10% da sua habilidade. Ainda pior: quando jovem, foi diagnosticada uma doença mental progressiva, quanto mais velho ficasse, maiores loucuras iria cometer. Depois de várias conversas com o finado pai, depois de várias internações em sanatórios, ele terminou por tentar o suicídio. Jogou-se de uma ponte, ainda com a camisa de força lhe espremendo o desejo (não sei como ele fugiu do hospital com essa camisa...) e caiu no gélido rio que cortava a cidade. Foi resgatado, mas morreu só, na sarjeta. Depois da sua morte, ficou-se sabendo que sua mulher, Clara Schumann, mantinha relações extraconjugais com outro grande compositor, Brahms. Definitivamente, Schumann não era feliz.

Agora casos curtos. Beethoven estava numa carroça voltando para casa quando a roda do veículo enguiçou. Não foi possível o conserto, então toda a viagem se seguiu com aquele grunhido da roda de madeira, "nhéém, nhéém". Era disso que Beethoven precisava. Genialmente, percebeu o ritmo e a melodia e já foi matutando sua sexta sinfonia. Quem a ouvir vai perceber a repetitividade da melodia, e ainda os agudos dignos de uma roda enguiçada. Bernstein, compositor norte-americano, já declarou numa entrevista que muitas das melodias de suas músicas já existiam ou foram aprimoradas por ele. Seria um impostor? Não, ele simplesmente passava a tarde toda, todas as tardes, no Central Park, em Nova Iorque, ouvindo o que as pessoas assobiavam, então ele misturava tudo e só espalhava uns sopros de tuba aqui ou lá.

Enfim, este post saiu um pouco dos meus padrões, porque quero transformar este blog num recanto mais ameno e diversificado. Aliás, é comum que o teor dos posts venha acompanhado pela maré do meu humor. Incrível o que o término de uma semana de provas pode fazer ao humor de alguém.

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